Relaxa cara eu não vou te matar teria dito eu, ao gordinho que me pediu para não matá-lo. Ele se cagou todo quando botei a arma em cima dele. Você não é o meu. É nenhuma, meu rei. Queria apenas fazer medo, mostrar que vocês todos são uns cagões. Todo mundo pedindo arrego, mas na hora de pegar no meu pé, todo mundo era o porreta. Juro que não queria isto. Nunca pensei nisto, quando a gente vê já fez. Estou aqui, nesta pedra gelada. Cadê alguém para me buscar? Nem parente, nem derente. Vergonha? ...
Não se sabe ou não me lembro bem como tudo começou. Lembro-me agora de estar numa ampla sala de um tribunal com alguns juízes ou desembargadores que se reuniriam para julgar um processo. Era um caso rumoroso, do qual a cidade toda falava. Juro que não me recordo qual a questão, mas prometo que se me lembrar, antes de terminar este relato, eu o direi, pois, embora não seja fominha de realismo, como pretendem os jovens escritores, há certas curiosidades que o leitor gostaria de saber e não se pode ...
Updated 04-09-2011 at 02:42 AM by El Carmo
Este cara não me deixa livre. É o mal de todos os autores: Querem que a gente se comporte tal qual pensam que somos. Põem-nos em uma camisa de força. Está na hora de todos os personagens se libertarem de seus autores. Viver cada qual a sua vida. Será que eles não percebem que somos gente como eles? Cagamos, cuspimos, mijamos, bufamos, fedemos a suor, temos chulé, meleca no nariz, mau hálito, dente podre, toda espécie de porcaria e no entanto, só nos apresentam empetecados, como bonecos de cera ...
Updated 04-09-2011 at 02:45 AM by El Carmo
Eu tinha cerca de 12 anos. Na roça, onde morava, as moças que eu via eram poucas, e somente quando ia à feira de Capela, arraial à uma légua de nossa casa. Eu me enfeitava todo no dia de sábado, dia de feira em Capela do Alto Alegre. Meu chapéu novo de couro, uma casaca e as alpercatas de cromo. Jogava um pouco de cheiro no corpo, roubado da mamãe. Olhos dançando, no caminho. Buscam Mariá, vindo do Tabuleiro. ...
O BANCO, O CHÃO, O SONO E O SONHO El Carmo Mairi. Quase trezentos quilômetros de Salvador. É verão e o ônibus chega afinal. Meio-dia. Horus, intranqüilo, desce na tranqüila cidade. Curiosos apenas observam pelas janelas. Abram as jinelas belas donzelas. Batia Meia-noite. O frio de outono no seu rosto. Folhas, sob os pés, caídas. Gare du Nord. Noite em Paris, primeira. Achou a casa do ...